O grande tema da carta do apóstolo Paulo aos Efésios é o propósito
de Deus de estabelecer e completar o Seu corpo, a igreja de Cristo.
Ele inicia explicando sobre:
- a nossa posição em Cristo;
- o que acontece quando recebemos nossa nova vida em Cristo;
- sobre si mesmo como apóstolo, e,
- faz uma oração por nós.
Depois ele passa a esclarecer sobre o corpo de Cristo, a unidade
da Igreja, em como deve ser o nosso novo proceder.
A partir de então, Paulo mostra como deve ser a vida em comunidade,
a comunidade cristã, e vários deveres dentro do lar, ou seja, a subordinação
mútua de todos na família cristã.
- deveres do casal;
- deveres dos pais;
- deveres dos filhos;
- deveres dos empregados;
- deveres dos patrões.
No final, um conselho, quase uma ordem, ou seja, um dever sobre
usar a armadura de Deus.
Porque será que o apóstolo Paulo, que vem falando de coisas
peculiares `a vida cristã no lar e na Igreja, termina com uma vestimenta
tipicamente militar?
A proteção aos crentes
Em Efésios 6:10 a 20, temos a convocação para buscarmos poder
espiritual, o poder de Deus, e nos revestirmos de Sua armadura.
(vrs 10) – fortaleçam-se no Senhor e no Seu poder
(vrs 11) – vistam toda a armadura de Deus
(vrs 13) – vistam toda a armadura de Deus
(vrs 14) – mantenham-se firmes:
- (14) cingindo-se
- (14) vestindo
- (15) tendo os pés calçados
- (16) usem o escudo
- (17) usem o capacete
- (17) e a espada
- (18) orem tendo em mente...
- (19) orem também por mim para que, permanecendo n’Ele, eu fale com coragem, como me cumpre fazer.
Esse poder nos é conferido através da influência e da operação do
Espírito Santo; consequentemente, a busca pelo Senhor nos supre deste poder.
O poder é outorgado à alma, transformando-a segundo a imagem de
Cristo (II Coríntios 3:18), assegurando a vitória do crente e a derrota dos
poderes malignos que visam destruir a imagem de Cristo em nós. Trata-se da
renovação da mente (Efésios 4:23) e do revestimento do novo homem (Efésios
4:24), que é ser cheio de Espírito Santo (Efésios 5:18). É como se Paulo tivesse
dito: "Tornai-vos poderosos por esses meios".
Tal poder é de Deus e na Sua força obteremos a vitória.
Vitória contra quem? - Efésios 6: 10 a 12
Vitória usando o quê? - Efésios 6: 13 a 20
Assim como o poder é de Deus, também o é a armadura, que são as armas
de ataque e de defesa, as quais que Ele nos confere para o combate contra os
nossos inimigos - as hostes demoníacas de Satanás - sempre preparados para um
combate mortal.
Essa armadura compõe-se da verdade, da retidão, do poder do
Evangelho, da fé, dos poderes inerentes à salvação, da operação íntima do
Espírito Santo, que nos conduz na direção de nossa herança, e também da Palavra
de Deus, ou seja, Sua mensagem remidora e fortalecedora em Cristo, com as suas
muitas provisões.
A armadura deve ser revestida, como um soldado se prepara para a
batalha, equipando-se com as peças de proteção e de defesa de seu equipamento.
As partes da armadura que, evidentemente, são apresentados na ordem em que os
soldados se vestiam antigamente.
Armadura é tradução do
termo grego panoplia, de onde vem o termo moderno panóplia, termo coletivo que significa armadura
completa. Portanto, Paulo recomenda-nos aqui um completo condicionamento de
profundo preparo espiritual, deficiente em absolutamente nada, dando a entender
que um combate vitorioso não pode ocorrer, se nos contentarmos com algo menos
que a armadura completa.
Tantos crentes mal-sucedidos, ilustram o fato de como não se
equipam pessoalmente com todas as provisões Divinas que lhes são propiciadas,
por motivo de preguiça, de indiferença, ou por não quererem reconhecer a
seriedade da batalha e a força astuta do inimigo.
No grego original, o termo usado fala sobre a armadura do
soldado pesadamente armado. Sim, um crente bem-sucedido deve ser
pesadamente armado.
A armadura procede de Deus; naturalmente que essa armadura
pertence a Ele, e a Ele cabe dá-la, pois Ele é o padrão supremos das virtudes
mencionadas, como a retidão, a verdade e a fé. Aquelas virtudes que nos
conferem vitória sobre o pecado, bem como vitória no conflito cristão, só podem
ser dadas pelo próprio Deus, portanto não são qualidades humanas.
A nossa parte deve ser a apropriação do poder de Deus, conforme o
poder que está em Cristo, e devemos nos revestir da armadura completa de Deus vivendo pesadamente armado e pesadamente protegido.
2a Parte
A palavra luta,
literalmente, disputa, mostra que
nosso conflito contra o mal exige preparação, força e coragem. Tal palavra, no
original, é usada exclusivamente neste texto, focalizando a intensidade do
combate, e para que o soldado cristão saiba que deve buscar a preparação e a
força necessária. A luta contra o mal, assim sendo, deve ser vista como uma
batalha séria, em nada fácil. Talvez a derrota de tantos crentes, em suas vidas
morais, se deva ao fato de não levarem muito a sério esse combate, mostrando-se
por demais indisciplinados como soldados.
No grego, ciladas do
diabo quer dizer: astúcias, planos, esquemas, e, numa
linguagem militar, estratégias,
mostrando que não se trata de uma cilada qualquer mas sim uma cilada bem
preparada, elaborada de forma que sua aplicação obtenha profundidade no
"estrago". Sua guerra é levada a efeito por um sistema estratégico,
que procura tirar vantagem em cada oportunidade de ataque. Quando tal palavra
se aplica a Satanás, sempre indica seus maus desígnios pois ele é o grande
ludibriador, engodador, caluniador e nosso acusador. Estando Satanás no comando
das forças malignas, é obvio que toda armadura espiritual é necessária para o
crente, com toda a oração e súplica, para que as forças do mal sejam
derrotadas. O fato de que tantos crentes são derrotados na peleja é prova de
que não se tem dado a devida importância na preparação para a batalha
espiritual, adquirindo a armadura espiritual necessária e completa; e nem oram
com suficiente perseverança para que o diabo seja vencido.
As peças da armadura
Embora as armaduras gregas e romanas fossem diferentes entre si,
provavelmente a armadura em questão seja a romana, mas num modelo mais antigo
que o visto por Paulo. A armadura inteira consistia de escudo, espada, lança,
capacete e armadura das pernas (que cobria as coxas até aos joelhos) e eram
confeccionadas especialmente para o tamanho de cada soldado, ou seja,
personalizada, sendo impossível
trocar ou manusear perfeitamente a de outra pessoa.
Paulo era um homem intensamente viajado pelo império romano, tendo
sido encarcerado e solto por muitas vezes, e estaria bem familiarizado com as
armaduras de seu tempo. Na carta aos Efésios, o apóstolo acrescentou o cinturão
e a espada em sua lista e, apesar desses dois objetos não fazerem parte das
armaduras usadas no seu tempo, eram muito apropriados para o propósito de
ilustrar o equipamento espiritual na derrota contra o mal.
Descrição das peças que compunham a armadura antiga usada na
ilustração de Paulo.
Armas de defesa:
(vrs 17) – o capacete,
que protegia a cabeça, era feito de várias formas e de vários metais, e
enfeitado com grande variedade de figuras. Alguns capacetes possuíam uma
crista, ou como ornamento ou com a finalidade de aterrorizar, com figuras de
leões, corvos ou grifos, etc. Paulo faz o capacete representar a salvação.
(vrs 14) – o cinto,
ou cinturão, era posto em torno da cintura, útil para apertar a armadura em
volta do corpo, mas também para sustentar as adagas, as espadas curtas ou
quaisquer outras armas que ali pudessem ser penduradas. Paulo faz do cinturão
símbolo da verdade.
(vrs 14) – o peitoral,
que consistia de duas partes, chamadas "asas". A primeira cobria a
região inteira do peito, a parte frontal do tórax, protegendo os órgãos
principais da vida; e a outra cobria uma parte das costas. Paulo faz isso
representar a justiça.
As grevas, calçados como botas, protegiam do joelho para baixo.
O escudo, de vários tipos e várias formas, nos dias de Paulo
haviam dois tipos que eram mais comuns, um deles chamava-se thureos, destinados para soldados
pesadamente armados.
Armas de ataque:
A lança, usualmente de bronze ou de ferro, com uma longa haste de
madeira dura.
O dardo, menor e mais leve que a lança, era atirado contra o inimigo
ainda à distância.
A espada, que tinha várias formas e dimensões, eram feitas de
vários tipos de metais. Esse é o símbolo usado por Paulo para indicar a
presença do Espírito Santo.
Era costume, entre os antigos gregos e romanos, depois de se terem
revestido de suas armaduras, comerem juntos e precederem o ataque com uma
súplica feita aos deuses, pedindo o sucesso. E esse costume se reflete no
versículo 18, pois, além do revestimento da armadura, Paulo nos recomenda
fazê-lo com "toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito, e
para isto vigiando com toda perseverança e súplica".
"Ficar firmes",
no original, significa oferecer resistência, permanecer firme,
dando a entender que o crente deve resistir aos assédios do mal, deve batalhar
com êxito, buscando obter a vitória. Essa expressão indica a linguagem dos
soldados: NÃO RECUAR JAMAIS! RECUAR? NUNCA!
Ao invés de fugir e declarando a derrota.
O nosso desejo é que você possa ter visto a importância de pedir
ao Senhor a armadura, crendo na posse para a sua batalha diária. E que você
confie no poder de Deus fortalecendo-o.
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